Sunday, July 08, 2007

Ah! Já faltavam as aventuras no DEB! E estas são boas!

Pois bem! Graças à minha colega e amiga francesa Gaby fizemos uma fermentação de 50 l! Sim mais 50 l de cheirinho! De shit! Ora nem mais!

Tivemos alguns percalços, mas nada de mais. Nenhuma linha saltou, nem cheirou muito mal graças ao sistema de exaustão improvisado já na fermentação que lá tinha realizado. Assim, não houveram mais olhares assassinos nem cuspidelas na cara entre outros insultos e cumprimentos dotados de grande inércia devido às altas velocidades.
Mas para quem gosta de se rir daqui do menino vou vos contar uma coisa. Graças a um belo episódio que se verificou no dia seguinte posso colocar mais um forte argumento no meu curriculum vitae, que me abrirá todas as portas como empregado de limpeza de latrinas, desde as absurdamente repugnantes e abandonadas ao mais violento e assíduo acto de defecação por parte de um batalhão de obesos de tripa leve, ou até à mais requintada casa de banho de um Ritz, salpicado por vezes por um gergóriozito da mais fina flor da sociedade.
Pois bem eis o que aconteceu. Nós queríamos como é lógico concentrar as células para proceder ao seu rebentamento, visto que nas suas entranhas encontra-se o nosso tão precioso polímero, esse grande querido.
Fizemo-lo recorrendo à ultra-filtração tangencial, cujo conceito além de inteligente é extremamente work independent, visto que é praticamente automatizado (isto quando está a correr bem, o que não se verificou). Mas como é que realmente funciona.

Tentei fazer um esquemazito para vocês perceberem mais ou menos. Eu sei que o desenho tem pior aspecto do que o material com que eu trabalho, por isso não é necessário referirem isso nos vossos comentários (ups, mas não há comentários...).

Então é assim. O circuito que vêem em setas pretas é realizado por uma bomba peristáltica, os quadrados azuis representam as cassetes de filtro. Ou seja dentro das cassetes existe muita pressão positiva criada pela bomba peristáltica que se encontra na entrada do sistema de cassetes (cerca de 2 bar - ou seja a bomba tem de estar a trabalhar a uma velocidade elevada, além de que o tubo utilizado é tudo menos pequeno, para terem uma ideia cerca de 5 cm de diâmetro, espero que retenham estes dados porque vai ser importante para o que se passará em breve). Assim esta pressão alta leva a que apenas o liquido que cuja partículas dissolvidas sejam inferiores em tamanho ao tamanho dos poros dos filtros passem (setas a azul claro - daí a ultra-filtração e não micro-filtração), o que vai concentrar em células o nosso circuitozinho de setinhas pretas. Daí que ter uma pressão alta seja altamente aconselhável caso contrário em vez de as células permanecerem no ciclo, sendo levadas pelo fluxo, são atraídas pelo fluxo que passa nos poros colmatando-os.
Pois bem, os nossos filtros apesar da alta pressão estavam continuamente a colmatar e era necessário lavar o sistema com regularidade. But that's not the fun part!
A fun part está no facto de a certa altura, o tubo dentro da bomba peristáltica ter arrebentado, sendo projectado para todo o lado golfadas de jorros de E. coli! Estando um personagem muito próximo do local de impacto, e que por obra do feliz destino foi suficientemente corajoso e desprovido de amor próprio para se atirar sobre a bomba para rapidamente apagar o seu fluxo desalmado. Sim fui eu... Tomei um banhito de E. coli. Não muito grande mas, no entanto foi um banho de E. coli. O que virá a seguir…?
O tubo arrebentou pelo menos mais duas vezes, porém eu não estava lá quando ocorreram. Mas uma delas foi uma explosão controlada, e a outra felizmente não provocou danos pessoais, apesar de ter dado grandes prejuízos materiais (banhou pelo menos um computador entre outras coisas - mas foram prontamente salvos pela Gaby).
Pronto as poucas pessoas que leram isto, tipo tu Alberto, já podem começar a gozar-me!
Pelo menos espero que tenham aprendido alguma coisa.

Mais novidades.

É verdade, o meu trabalho com o GAG220 está prestes a chegar ao fim. Ultimamente tenho feito uns screenings de produção ao longo de 25h de incubação, apesar do primeiro abate ser às 8h, obriga-me a ficar até bastante tarde. Mas seja como for os resultados têm sido porreiros... Até estes dois últimos screenings que realizei e que vou ter que repetir. Mas não me estou a queixar, simplesmente é chato. Nos screenings tenho variado a temperatura e as diferenças são notórias, e contrárias às que nós tínhamos em mente. Acho que só esse facto já valeu a pena para ganhar coragem para continuar a fazê-los com a mesma boa disposição de sempre!
Quero também fazer umas brincadeiras com ele no fermentador.
Vou apresentar estes últimos resultados no MicroBiotec (em poster como é obvio). Alguém que vá lá?

Mas com o que vou trabalhar a seguir deixo para outra altura!